quinta-feira, 16 de junho de 2011

Produção de Conteúdo Gera US$ 448 Bi.

* FONTE DE INFORMAÇÕES.: JORNAL PROPAGANDA E MARKETING (Jornal PropMark).
Edição Impressa.
21.03.2011 16:40 hs
Produção de conteúdo gera US$ 448 bi.
A produção de conteúdo multiplataforma foi tema do Rio Content Market (RCM), que aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada. Com uma série de painéis, keynotes, encontros com representantes do mercado e áreas para relacionamento, o evento recebeu nomes de peso do cenário nacional e internacional. A organização do Rio Content Market foi da ABPI-TV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão) e o foco dos debates foi uma indústria que movimenta US$ 448 bilhões em todo o mundo, com projeção de, até 2013, atingir US$ 550 bilhões, de acordo com dados do StrategicAnalytics de 2010.
A necessidade de o conteúdo poder ser explorado nos mais diversos canais de mídia, a presença cada vez maior da interatividade e o poder de decisão nas mãos da audiência foram discutidos em diversos painéis e debates. “Temos que abordar o consumidor em todas as frentes”, alertou Adriana Alcantara, da Oi TV, em um dos painéis. Para ela, o conteúdo segue essa tendência, disse, citando o exemplo de “Batman”, que foi explorado como longa-metragem, mas tem série na TV, é tema de jogos eletrônicos e começou como um gibi. “Ele permeia os hábitos em todas as frentes. O produto não deve mais ser desenvolvido como mídia isolada, mas para estar em todas as frentes”, apontou.
Ela alertou para a mudança de cenário também para os anunciantes. “Antes a marca sabia que tinha que estar no intervalo comercial da TV para vender. Hoje não é mais exatamente assim. Por isso, o produtor de conteúdo tem que olhar a ideia criativa com um viés de negócio, para ver as possibilidades que ele poderá oferecer aos anunciantes”, disse. Ela acredita que o branded content é uma tendência do mercado que deve ser seguida. Apesar de o foco das produções ter de ser multiplataforma, ela reforçou a importância da TV. “A Oi acredita nas mídias tradicionais como a TV, mas temos que investir em outras plataformas. E as marcas têm que pensar em como estar presentes nesse universo no qual o consumidor é disperso”, ressaltou.
Júlio Darim, diretor de conteúdo e interfaces do UOL, relembrou o Napster para mostrar como o consumidor está no comando. “Foi a primeira grande guerra jurídica na Internet.
Quando o Napster foi lançado, possibilitando que as pessoas baixassem músicas na rede, a indústria fonográfica se preocupou em proibir, processar. Enquanto isso, vem a Apple e faz a festa com o iPod e o iTunes. Eles entenderam o que o público queria: comprar uma música e não todas em um CD”, relembrou. Ele alertou que, se os players do mercado não entenderem o que o público quer e se anteciparem, alguém o fará. “Temos que adequar o nosso modelo de negócio ao que o público quer”.
Darim também destacou a relevância do micropagamento. “Qual o grande fenômeno público e de dinheiro em 2010 na Internet? FarmVille e Colheita Feliz, que mostraram que as pessoas estão dispostas a pagar serviços com micropagamento. E por que não usarmos isso para conteúdo?”, questionou, acrescentando que a Warner fez um acordo com o Facebook para comercializar seus filmes a preços baixos. “As pessoas aceitam pagar para terem experiência de entretenimento”, enfatizou.
Poder
Marcelo Mattar, do Terra, apontou o papel de protagonista do consumidor e a importância do pensamento multiplataforma. “Temos múltiplos pontos de contato com os clientes e temos que levar ao usuário o que ele quer assistir, na hora que ele quer e onde ele quiser”, disse. Para o executivo, conforme a tecnologia avança, é fundamental acompanhá-la explorando todos os devices possíveis. “Hoje a tecnologia não é mais uma barreira. O conteúdo sob demanda é um caminho sem volta”, alertou.
O papel desse novo público, com poder de decisão, foi comentado por Diego Barredo, da Eyeworks Cuatro Cabezas Brazil, produtora do “CQC”. “O telespectador está mudando e cada vez é mais difícil a relação one way que a TV oferece. Ele quer interagir. Como lidar com esse novo público? Não temos mais o monopólio de dizer o que vai acontecer. Temos que ficar espertos porque tudo pode mudar mais rápido do que pensamos”, alertou. João Daniel Tikhomiroff, da Mixer, lembrou uma frase de Henry James. “É o fim da cultura do espectador para a cultura do participador”, citou.
Daniela Busoli, da Endemol Brasil, disse que as empresas focadas em conteúdo já olham as multiplataformas com outros olhos, informando que a Endemol tem uma área criada só para pensar os diversos pontos de contato com o consumidor. Como produto já desenvolvido com o olhar multiplataforma, ela citou o “The Money Drop”, uma espécie de game televisivo criado no começo de 2010, que já está em 15 países do mundo e vai chegar ao Brasil em abril como “Um milhão na mesa”, com veiculação no SBT. Uma das suas características mais interessantes é que ele tem uma versão “play along”, que permite que os telespectadores joguem o game em casa ao mesmo tempo em que ele é veiculado na TV.
Para garantir a interatividade, o apresentador da atração televisiva convida a audiência em casa para jogar e informações dos jogadores vão aparecendo na tela da TV. A Globo também investe no conceito multiplataforma. “Encorajamos nossos diretores para que desenvolvam produtos com conteúdo atraente para ser usado em cada uma das mídias que temos, um exemplo é o ‘Big Brother’”, afirmou Paulo Mendes, da TV Globo.
O antropólogo especializado em cultura contemporânea Grant McCracken acredita que a cultura está se tornando cada vez mais veloz. “Ela está se fragmentando e o gosto dos consumidores muda quase que em tempo real, ao mesmo tempo em que culturas muito tradicionais dizem não para as novidades. Temos que pensar um processo de formação que absorva as novidades que surgem, sem abandonar o que as pessoas estão acostumadas a ver e entender”, finalizou.
Por Teresa Levin